apalavreado
domingo, 27 de dezembro de 2009
Árdua Ditadura
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
És dor.
domingo, 20 de dezembro de 2009
sábado, 14 de novembro de 2009
in diferença
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
I
terça-feira, 29 de setembro de 2009
Entra-sai
ele sai. ele entra.
ele entra entre o mundo
ele sai de entre os muros.
ele se perde dentro de tudo.
ele se encontra no meio de nada.
ele se acha tudo.
ele não acha nada.
ele percebe o mundo.
ele nada quer perceber.
eles são nada no tudo.
e são tudo no nada.
eles querem ser diferentes.
mas são sempre iguais.
eles querem ser alguém.
mas quanto mais querem.
mais se tornam
nulos.
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
Que romântico
Ela não imaginava que tinha alguém do lado dela até que se moveu desconfortavelmente no banco depois de uma certa passagem de um romance e seu cotovelo encostou no braço dele.
Eles se entreolharam por um breve momento, ela pediu desculpas e ele acentiu com a cabeça. Voltaram ambos pros seus livros.
Eles desceram no mesmo ponto, se olharam mais uma vez,olharam para seus livros, os abraçaram e foram embora.
domingo, 13 de setembro de 2009
Mensagem de boas-vindas àquela com quem nunca me dei bem
Não há nenhuma beleza notável em um dia primaveril que não seja notado em um dia de inverno. Para mim a primavera é uma desculpa pras pessoas acharem a esperança. E a esperança me deixou há muito de ser útil.
A primavera me faz pensar, a primavera me traz enxaquecacas: a primavera me faz mal. Eu quero o vento gélido do inverno que me faz sentir que não sou a única a ser fria assim. A alegria das pessoas na primavera me soa até como uma alienação. O que a primavera tem de tão especial?
A esperança não existe mais.
domingo, 6 de setembro de 2009
Um poema qualquer
e eu não tive forças pra levantar
Olhei, do sofá, para o céu
retrato.
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
Cotidiano
Do lado de fora uma criança observava o ônibus. Ela esperava sua mãe fechar a loja, observando a palma da mão de uma moça encostada na janela do ônibus.
Era a janela antes da última fileira de acentos.
Tinha um homem logo atrás da mulher. A criança não via nada, exceto a mão espalmada da moça, sua silhueta e a do homem. Estava muito escuro já e a luz de dentro do ônibus estava bem mais fraca que o normal.
A criança podia distinguir poucas coisas, mas pelo que pode ver o homem tinha uma expressão de felicidade e dor.
A mãe pegou a criança pela mão, mas a criança não parecia querer ir embora. Sem olhar para o que seu filho observava a mãe o arrastou para dentro do ônibus.
A rua estava bem mais silenciosa, pensou. A mãe colocou a criança no colo e sentou quando lhe deram lugar. A criança olhava para o fundo do ônibus e viu a mulher da mão na janela. Até hoje a criança acha que viu uma lágrima.
Quando a mulher reparou na criança, tentou desfarçar, mas só conseguia pensar e rezar para que a criança não descobrisse que aquilo era um estupro no meio de um ônibus lotado.
O desconhecido é mais fácil de se notar,mas o porquê só a criança parecia se preocupar era algo que a mulher não pode entender, pelo menos até seu suicídio, no dia seguinte.
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
domingo, 16 de agosto de 2009
Escrever em linhas tortas
Fatídico dia
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
Sinceridade
domingo, 9 de agosto de 2009
Destrocas
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
Mais você
domingo, 2 de agosto de 2009
Sobre Machismo
sexta-feira, 31 de julho de 2009
A mulher ideal
terça-feira, 28 de julho de 2009
Esqueser
segunda-feira, 27 de julho de 2009
Temperança
sábado, 25 de julho de 2009
O grande problema dos aforismos
Fim
sexta-feira, 24 de julho de 2009
Ridendo Castigat Mores
R entra emburrado e senta ao lado de S
S:- O que há, irmão?
R:- Tive que deixar a Universidade, pq não estou tendo aula!
S:- E o pq isso te deixa tão perturbado?
R:- Estudei tanto para entrar nela: o oásis de todo e qualquer conhecimento... Quase uma ágora...
S:- Você vai perdoar a minha ignorância, mas o que é conhecimento?
R:- São as aulas, tudo aquilo que os professores falam, os textos.
S:- Entendo... Vida e conhecimento são coisas distintas?
R:- São, né... Conhecimento é aquilo que está nos livros, vida é o que vivemos.
S:- Você não vive seu conhecimento?
R faz cara de dúvida.
C entra com um craft escrito “greve” e gritando:- Fora já, fora já daqui!
R:- Ah, lá vem aquele comunista MALA!
C:- Fora já, fora já daqui! Fora PM e a Suely!
S:- Você grita essas palavras querendo atingir a quem?
C:- Fora... É comigo?
S:- Sim, com você.
C:- A todos! Quero que todos saibam pelo que lutamos!
S:- e vocês lutam pela saída da PM e da reitora da onde?
C:- Daqui, ué!
S:- Daqui? Eu não as vejo aqui...
C:- Da USP, eu quero dizer...
S:- E com que autoridade pede a saída de ambas?
C:- Com a autoridade de aluno dessa instituição!
R:- Olha só o discursinho pronto!
S:- E os alunos dessa mesma instituição que querem que elas permaneçam no campus?
R:- É! E a gente?
C:- Eles que façam um movimento...
S:- E o movimento estudantil não é de todos?
C:- Ah, é, né... Só que...
R (gritando):- Ninguém respeita nada!
C:- Seu reaça desgraçado!!
R (para S):- Ta vendo, ta vendo? Vou fundar um Movimento e vocês, comunistas, vão desejar nunca terem falado isso de mim!
R sai batendo os pés.
C:- Eu nem me importo!
S:- Com o que?
C:- Com o que esse aprendiz de reacionário diz!
S:- Peço mil desculpas... Estou velho e minha memória muito falha... Mas o que foi mesmo que ele disse?
C:- ... er... ele disse que... bem, ele disse...
R junta G e vai para a frente de S e C e diz:- Greve?
G:- Não!
R:- Aulas?
G:- Sim!
E o G rapidamente se dispersa.
C:- O que é isso?
R:- Isso, vermelhinho sem cultura, é um flash-mob!
S:- E você saberia me explicar o que é um flash mob?
R:- São manifestações relâmpagos.
S:- E como as descobriu?
R:- Na verdade, eu descobri que isso existia depois daquela manifestação sem calças que teve aqui nos metrôs de SP, sabe...
S:- Ah, sim... Mas um flash mob não é carregado de nenhum valor político-ideológico intrínseco na sua origem?
R:- Não. São pessoas que se reúnem para fazer algo fora do comum...
S:- Então é quase uma obra de arte?
R:- Por ai...
S:- E você torna a manifestação artística, política?
R:- Eles fizeram...
S:- Eles quem?
R olha de um lado para outro, com medo de que o escutem:- Os comunistas!!
S:- Sério?
R:- É! Eles... eles... fizeram isso com... com... a greve! Isso! A greve!
S:- A greve é uma manifestação artística?
R:- É...
C:- Cala boca e vai estudar! Agora sei pq preza tanto pela aula...
R:- Ta vendo como ele me trata?
S:- Como ele te trata?
R:- Assim, com desprezo!
S:- Você considera que o trata com desprezo?
C:- Bem menos do que ele merece.
S:- O que é desprezo para você?
C:- Pra mim é ignorar, mais do que isso, é se mostrar superior.
S:- Então, se você o despreza mais levianamente do que você diz que ele merece; você não é suficientemente superior a ele para dar a quantidade de desprezo digno a ele e às suas ações?
C:- AHN?
S:- Você diz que ele merece mais desprezo do que você reserva a ele, e diz que desprezo é se mostrar superior. Se você não o despreza mais significa que você não é tão superior a ele assim?
C:- Não, você não entendeu. É tudo uma questão de metáfora: nada é o que realmente parece ser. Então, eu só finjo que sou melhor, para me MOSTRAR superior, não ser. Ai ele cai e acaba achando que seu voto não conta ou que não vai fazer diferença.
R:- Então é assim que você transforma a democracia em uma comunistacracia!
S:- Como você pode supor que seu voto não faz diferença no que acontece nessa universidade?
R:- Nada muda! São feitas trezentas assembléias enquanto os comunistas não ganham o que querem.
C:- Você não entende, não é mesmo? É uma estrutura de poder!
S:- Escuta, mas não é contra isso que vocês lutam?
C:- É... Mas temos que nos sujeitar às regras vigentes para fazermos algo. Não podemos partir logo pra revolução.
S:- Não era o que Marx dizia que devia ser feito?
C:- Ah, era, mas, veja bem...
R:- Vocês querem o poder pra vocês.
C:- E todos não queremos?
S:- Com certeza o povo quer.
C:- Nós não tiramos o poder dele.
R:- Só fizeram assembléias longas e chatas para nos afastar.
C:- Sabe política é assim: uns gostam outros odeiam. Mas todos devem participar.
S:- Não participar não é uma escolha válida?
C:- É, mas ai você complica o andamento do governo, quer dizer, da universidade.
S:- De que maneira?
C:- Opinião pública. Ai vem a imprensa falar que são alguns baderneiros...
R:- E não são?
C:- Pode até ser que sejam poucos, mas a revolução começa da minoria!
S:- Pensei que não iam começar com revolução...
C:- É, mas a gente precisa de meios democráticos para conseguir modos legais de se manifestar.
R:- Manifestações não são ilegais... É só vocês não falarem em nome da MINHA Universidade.
S:- È sua?
R:- É claro!
S:- E os outros cidadãos brasileiros?
R:- Quando eles entrarem aqui será deles também.
S:- A universidade não é pública?
R:- Ah, é né... Só que eu que estudo aqui...
S:- E deveria ser diferente?
R:- Claro que não! Eu passei no vestibular! É meu mérito!
S:- Educação por mérito e privilégio é correto?
R:- Ah... Bem...
C:- Por isso eu odeio vocês, de direita! Vocês não têm consciência de que vivem em sociedade!
R:- E vocês ficam só na teoria...
C:- Quando a gente tenta fazer algo tem alguém nos criticando
S:- Se não conseguem fazer nada com crítica, talvez nem deveriam tentar.
C:- Ah, mas nem pra nos ajudar...
S:- E qual o primeiro passo que eles devem dar para ajudar vocês?
C:- Não sei...
R:- eu não faço nada pra ajudar esses vermelhinhos...
S:- Que tal vocês conversarem bastante?
R:- Para que?
C:- É! Pra que? O movimento vai super bem sem eles!
S:- Não é o que parece. Não acham que se houver o diálogo entre vocês, você (olha pro reaça) poderia fazer com que eles parassem de falar em seu nome, sobre coisas que não acredita e voltar a ter aula?
R:- Sim
S: - E você (pro comunista) não acha que assim poderia modificar o modo que está a cada dia se provando mais ineficiente, pois pouco consegue atingir as pessoas dentro e fora da universidade?
C:- Sim
S:- Pode beijar a noiva.
Carta Aberta (23/06/09)
Tendo plena noção de que esta carta tem pouquíssima chance de ser publicada em algum meio de comunicação mais influente, a inicio com uma crítica justamente ao escasso espaço destinado às opiniões dos cidadãos dessa sociedade.
O quão triste é ler um jornal, uma revista, ou até mesmo um blog com pretensões jornalísticas com vários espaços destinados a uma mesma idéia? Fiquei bastante chateada, principalmente porque costumava acreditar que as pautas que impulsionam o Movimento Estudantil (ME) na Universidade de São Paulo (USP) atualmente poderiam ser resolvidas pelo diálogo, que os estudantes podiam inserir suas idéias na mídia e dizer o porquê de se colocarem contra, por exemplo, a Universidade Virtual do Estado de São Paulo (UNIVESP).
O que a nossa reitora professora doutora Suely Vilela mostrou no momento em que permitiu que a Polícia Militar (PM) entrasse no campus Butantã da USP foi que esse diálogo não iria acontecer. Confesso que só então mudei a minha opinião e me posicionei a favor da greve, pois realmente acreditava – como estudante de Letras – na conversa.
A polícia foi sim chamada para cumprir um processo de reintegração de posse, mas é importante que pensemos nos motivos pelos quais os funcionários faziam os piquetes e até que ponto eles interferiam no direito das pessoas de ir e vir, já que eles não eram violentos e eram feitos através de conversa. Mais importante ainda é pensar na reação de todos os outros “habitantes” da “cidade Universitária”: a polícia lá causou muito desconforto.
Além disso, é muito importante que lembremos que a USP foi criada para ser autônoma e quando a reitora chama a PM ela inverte os poderes da Universidade e mostra a sua submissão ao governo. Existe a polícia do campus que podia lidar com esta situação. Fazendo isso, a reitora se destituiu do cargo, sendo assim, eu não me sinto mais representada por ela.
No dia nove de julho (09/06) estava programado um ato de estudantes, funcionários e alguns professores das faculdades estaduais (USP, UNESP e UNICAMP) no portão um do campus Butantã. A polícia estava em posição de choque e a ato se restringiu a palavras de ordem como: “Fora PM”, “Fora Suely”, “A culpa é sua, hoje a aula é na rua”, “Conhecimento sim, polícia armada não” – com os livros levantados, “Quem não pula é PM” e outras palavras que podem ter soado um pouco mais agressivas como quando chamavam os policiais de coxinhas.
Um desentendimento entre os manifestantes na hora de encerrar o ato acabou fazendo com que o movimento se dispersasse. Se houve ou não provocação por meio de alguns manifestantes não é exatamente o caso, mas supondo que este realmente aconteceu veja a generalização que a mídia fez dizendo que “o movimento estudantil é isso ou aquilo” e que “isso não é estudante, estudante é aquele que está na sala estudando” (e não defendendo o seu ideal de Universidade e seu local de estudo).
A polícia reagiu às (possíveis) provocações de um determinado grupo e, segundo as notícias divulgadas, fez isso apenas para dispersar o movimento – que já estava disperso. A correria se estendeu até o prédio da História e Geografia onde estava acontecendo uma reunião da Associação Docente da USP (ADUSP). Ao ser informada e perceber o que estava acontecendo a diretora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas desceu do prédio para conversar com os policiais que atiravam bombas de efeito (i) moral e de gás lacrimogêneo dentro do prédio quando foi bombardeada[1].
Os fatos decorrentes dessa entrada da PM comprovaram ainda mais a relutância da reitora e do governo em que esse diálogo acontecesse: as negociações com o FÓRUM DAS SEIS permaneciam fechadas e a imprensa se mostrava cada vez mais parcial. Confesso que isso me deixou muito chateada e pouco esperançosa. Cartas de diversos professores das mais variadas faculdades e universidades rodaram entre os e-mails dos estudantes e alguns chegaram à mídia, mas esta não manifestou interesse em publicá-las (salvo algumas como a carta do professor Safatle, do departamento de filosofia da FFLCH).
Hoje, uma semana antes do término das aulas na Universidade, a situação é outra. As negociações foram reabertas, a polícia foi retirada do campus nos dias de negociações (e os piquetes suspensos). Ou seja, a reitoria está se abrindo para o diálogo novamente.
A questão que mais me preocupa é: e se a reitora, o governo e a imprensa conversar com os funcionários, com os professores e se “esquecerem” dos estudantes pois são um “bando de baderneiros que tem é que estudar”?
Não devemos deixar que o movimento morra e muito menos nos esquecermos de uma das nossas principais pautas: a UNIVESP. O projeto da Universidade Virtual tem uma maquiagem democrática de acesso à educação, porém, ela acaba formando um círculo de precarização cada vez maior, uma vez que é um curso feito para suprir as vagas para professores da escola pública.
Falando pelo prédio de Letras, que não possui salas e cadeiras suficientes para sequer o ensino presencial, que infra-estrutura ele teria para receber o equipamento para o ensino à distância?
Mesmo que o projeto da UNIVESP não possuísse nenhuma falha, é preciso que se melhore o ensino presencial, aumente o número da vagas do mesmo para então aplicar um ensino à distância, caso contrário, se criará um ensino à distância precário. É importante lembrar, porém, que “estudante é aquele que está na sala de aula estudando”, segundo a mídia. Então pensaríamos: o ensino à distância faz com que a pessoa seja estudante?
Brincadeiras à parte, eu acredito, como futura professora, que a educação está além da sala de aula, está na convivência, na própria vivência com o Movimento Estudantil. O ensino à distância deveria ser aplicado como especialização e não como um curso de licenciatura, já que o contato professor-aluno, aluno-aluno se aprende muito com a vivência.
Escrevo hoje essa carta à comunidade, apenas como um desabafo. Acredito que para muitos estudantes será apenas uma repetição do que foi dito em assembléias e lido em fóruns de discussão, mas aparentemente, para a mídia isso é novidade.
Queria também manifestar meu repúdio aos atos abertamente antidemocráticos[2] que estão acontecendo, meu repúdio à parcialidade da mídia e principalmente meu apoio a qualquer pessoa ou movimento que esteja à procura de diálogo para fazermos do ME um movimento que possua forças para construir uma Universidade melhor.
Paula de Camargo Penteado
Letras – USP
23/06/09
[1]“Comunicado da Direção da Faculdade de Filosodia, Letras e Ciências Humanas
1. Por volta das 17hs, mesmo com a tentativa de mediação da direção da FFLCH junto ao comandante do efetivo da PM, bombas de efeito moral foram atiradas sobre o estacionamento do prédio de Geografia e História, tendo seus gases invadido o edifício, onde se encontravam muitos professores, alunos e funcionários de nossa unidade.
2. Independente das causas que tenham originado tal atitude, esta se constituiu numa agressão física e moral à Faculdade. Não podemos aceitar passivamente um ato violento que agrida um espaço que foi constituído para o pensamento e reflexão.
3. Inquieta-nos o fato de ser a primeira agressão direta sofrida pela faculdade desde 1968. Acreditamos ser urgente encontrar formas de reabrir o diálogo de modo a permitir que os meios tradicionais e próprios da comunidade universitária de resolver conflitos se imponham sobre a força.
4. A Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas em seus 75 anos de história conseguiu se transformar num patrimônio cultural do Brasil. É responsabilidade de todos nós, professores, alunos e funcionários da USP, encontrarmos meios deafastar todas as formas de violências do campus para preservar a Universidade como um espaço plural e democrático de geração e transmissão do saber.
Profa. Dra. Sandra Margarida Nitrini
Diretora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas”
[2] " Grupos antigreve marcam novo ato na USP
Terceiro protesto contra a paralisação foi marcado para a próxima quinta-feira, em frente à Faculdade de Economia
Um dos grupos tem 665 membros na comunidade do Orkut e diz ter reunido 3.000 adesões em abaixo-assinado contra a paralisação na USP
DA REPORTAGEM LOCAL
Nos últimos dias, um movimento antigreve na USP deixou de ser virtual (na internet) e passou a promover atos na Cidade Universitária. Já foram feitos dois protestos e outro está marcado para quinta.
Entre estudantes descontentes com sucessivas greves, há também dois grupos virtuais organizados, que participam ou organizam a mobilização.
O maior, denominado CDIE (Comissão para Defesa dos Interesses Estudantis da USP), existe desde abril deste ano e conta com 665 membros na comunidade do Orkut. Ele é responsável por um abaixo-assinado contra a greve, que já reúne 3.000 assinaturas, segundo os organizadores.
O mais recente, denominado Flacusp (Forças de Libertação Anticomunistas da USP), foi criado no Orkut no dia 8 e tem 107 membros virtuais "selecionados", afirma Leandro, 23, um dos participantes (ele não quis dar o sobrenome nem dizer a qual curso pertence).
Leandro classifica os atos do movimento grevista como "balbúrdia" e diz preferir a ditadura. "A ditadura impõe a ordem, não deixa essa zona acontecer."
O jovem era um dos participantes de um protesto antigreve que ocorreu na última sexta de manhã na USP e reuniu 80 estudantes. Na mesma noite, outra manifestação contra a paralisação reuniu cerca de 300 pessoas. Nos dois protestos, houve confrontos com grevistas, xingamentos e discussão. Antigrevistas afirmam ter sido vítimas de chutes e socos.
Nos protestos, estudantes contra a greve pediam a volta do "bandejão" e do "ônibus circular". Os grevistas chamavam o grupo de "fascista". O próximo ato antigreve será quinta, às 12h30, em frente à FEA (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade)."
quarta-feira, 22 de julho de 2009
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terça-feira, 21 de julho de 2009
Idade
quarta-feira, 15 de julho de 2009
Sério?
quinta-feira, 9 de julho de 2009
You and me
sábado, 27 de junho de 2009
Questão de ídolos
Da série diálogos
Apenas mais uma loucura
terça-feira, 23 de junho de 2009
Cartas de Amor são falsas, não seriam cartas de amor se não fossem falsas
domingo, 14 de junho de 2009
A flor e a USP
Preso à universidade e às minhas idéias
Vou atento pela rua cinzenta
Polícias, políticos espreitam-me.
Devo seguir até o enjôo?
Posso, com flores, revoltar-me?
Olhos sujos na torre do relógio:
Não, o tempo não chegou de completa justiça.
O tempo é ainda de merda, maus poemas, manifestações e espera.
O tempo pobre, o poeta pobre
Fundem-se no mesmo impasse
Em vão tento me explicar, os adultos são surdos.
Sob a pele das palavras há cifras e códigos
O sol consola os que tem frio e não os renova.
As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase
Vomitar essa revolta sobre a cidade.
Setenta e cinco anos e nenhum problema
Resolvido, tantos colocados.
Várias cartas escritas e recebidas
Todos seus estudantes voltam pra casa
Estão menos livres, pois leram jornais
E deturpam o mundo, sabendo que o perdem.
Crimes da usp, como perdoa-los?
Tomei parte em muitos, outros escondi
Alguns achei belos, foram publicados.
Crimes suaves, que não ajudam a viver
Ração diária de erro, distribuída para matar
Os ferozes jornalistas do mal
Os ferozes políticos do mal
Pôr fogo em tudo, inclusive em mim
Ao menino de 1968 chamavam revolucionário
Porém meu ódio é o melhor de mim
Com ele me salvo
E dou a poucos uma esperança mínima
Uma flor nasceu na rua!
Passem longe circulares, pms, suely
Uma flor ainda desbotada
Iluda a polícia (que se protege com escudos), rompe o asfalto
Não façam silêncio, prestem atenção, tirem fotos
Garanto que uma flor nasceu
Sua cor não se percebe
Suas pétalas não se abrem
Seu nome não está nos livros
É feia. Mas é realmente uma flor
Sento-me no chão do campus às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, a revolta, a desprezo e o ódio.
quinta-feira, 11 de junho de 2009
Sobre a Universidade de São Paulo e a sua relação com as outras cidades do Brasil (ou simplesmente São Paulo)
quarta-feira, 10 de junho de 2009
quinta-feira, 4 de junho de 2009
Viva la revoluciòn
segunda-feira, 1 de junho de 2009
Despedida
quarta-feira, 20 de maio de 2009
ônibus
sábado, 16 de maio de 2009
Diário de um aspirante à Danny Zuko
sexta-feira, 15 de maio de 2009
Sobre uma revolta
domingo, 10 de maio de 2009
Receita de como vivi minha vida
quarta-feira, 6 de maio de 2009
Desejo
segunda-feira, 4 de maio de 2009
É simplesmente cansativo
quarta-feira, 29 de abril de 2009
O poder da imaginação
sexta-feira, 24 de abril de 2009
Declaração
terça-feira, 21 de abril de 2009
Cansei
domingo, 12 de abril de 2009
Páscoa
sexta-feira, 10 de abril de 2009
Book
domingo, 29 de março de 2009
Bem me quer
sábado, 28 de março de 2009
The sound of music
quinta-feira, 26 de março de 2009
Party time
domingo, 15 de março de 2009
Resíduos da vida
quarta-feira, 11 de março de 2009
True Life
terça-feira, 10 de março de 2009
Seis da manhã
domingo, 8 de março de 2009
25 de março
sexta-feira, 6 de março de 2009
Do you wanna dance?
domingo, 1 de março de 2009
Lendo o futuro
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
Peça
Cena I
Escuridão. Som de um forte temporal. Ouvem-se raios e trovões.
Uma luz aparece ao fundo do palco.
Ilumina-se uma pessoa encoberta por uma capa preta. Ela caminha em direção à luz.
Pessoa:
- Lá! Lá não está chovendo... Vamos, Ricardo.
Ilumina-se o vazio.
Ricardo:
- Tudo bem, mas o que faremos quando chegarmos lá?
Pessoa:
- Você sabe que não sou de fazer planos...
Ricardo:
- Então porque quer ir para lá?
Pessoa:
- Lá deve ser um lugar melhor... Afinal, lá não está chovendo...
Ricardo:
- Lá vem você com os seus estereótipos...
Pessoa:
- Não é um estereótipo... Deus já nos castigou assim, com chuva, uma vez.
Ricardo:
- Não sabia que ele tinha tão pouca criatividade.
Pessoa:
- Isso! Brinca mesmo com a Santíssima Trindade!
Ricardo:
- Você quer dizer divindade?
Pessoa:
- Quem é você para dizer o que quis dizer?
Ricardo:
- Agora esqueceu quem sou?
Pessoa:
- Algum dia soube?
Ricardo:
- É melhor fingir que não mesmo...
Pessoa:
- Você me confunde.
Ricardo:
- Você se confunde.
Pessoa:
- Pare de falar e ande mais rápido.
Ricardo:
- Mas estou na sua frente.
Pessoa:
- Tanto faz.
Ricardo:
- Sempre sonhei em te beijar na chuva... Mas você fica tão brava molhada que eu realmente fico com medo...
Pessoa:
- Não é a chuva,
Ricardo:
- São as lembranças que ela te traz. É, eu sei, você já disse isso.
Pessoa:
- Você não acredita, acredita?
Ricardo:
- Porque não?
Pessoa:
- Porque não deveria.
Ricardo:
- Se não é a chuva e não são as lembranças, o que é?
Pessoa:
- Ricardo! – param de andar e apagam-se as luzes, exceto a ao fundo do palco – Ricardo! É você Ricardo!
Som de chuva recomeça mais forte.
Cena II
Ilumina-se o palco todo, exceto o canto onde a nossa personagem encontra-se deitada.
Ouve-se uma terceira voz:
- De novo essa história de Ricardo? Assim vou achar que você está me traindo, Larissa.
Larissa levanta esfregando os olhos e tateia uma parte clara do palco como se procurasse um abajur. Ela faz como se o ascendesse e é iluminada.
Larissa:
- Trair-te? Com quem, amor?
Boceja.
Terceira voz:
- Com esse Ricardo com quem tanto sonha. Posso saber quem ele é?
Larissa:
- Mas é você, bem.
Terceira voz:
- Meu nome não é Ricardo.
Larissa:
- Como não?
Terceira voz:
- Ou você me fala quem é esse tal de Ricardo ou você nunca mais verá a luz do dia.
Larissa:
- Amor? Amor? O que deu em você?
Apagam-se as luzes.
Cena III
Canto oposto do que foi realizada a última cena. O Amor, o Ódio e o Ciúme.
Ilumina-se o Amor que está sentado em uma penteadeira, admirando-se.
Amor:
- Eu sou perfeito e, assim mesmo as pessoas dão meu nome a todos que conhecem...
Ódio:
- Pare de se amar tanto, você não passa de uma ilusão.
Amor:
- Então você deve ser louco para estar aqui, falando comigo, não é querido Ódio?
Ciúme:
- Porque você o chamou de querido? Ele te maltrata e eu... Eu que sempre fui bom para você...
Amor:
- Só disse isso porque não consigo odiá-lo... Sou tão perfeito que só tenho amor no coração.
Ódio:
- Egocêntrico maldito!
Apagam-se as luzes.
Cena IV
Som de chuva, um pouco mais branda que a inicial.
Pessoa:
- Ah, a chuva está amena agora...
Ricardo:
- E você?
Pessoa:
- O que?
Ricardo:
- Está melhor?
Pessoa:
- Do que você está falando?
Ricardo:
- Você tem sérios problemas e é melhor trata-los logo...
Ilumina-se todo o palco e Larissa aparece correndo em direção à Pessoa de capa. Ricardo permanece invisível.
Larissa:
- Ele descobriu tudo!!
Ricardo:
- Que você é louca?
Pessoa:
- Cale-se! – apenas para Ricardo – ela não pode saber disso!
Larissa:
- Ele... Ele sabe sobre o Ricardo...
Pessoa:
- Então conte toda a verdade!
Larissa:
- Não poderia suportar tamanha vergonha.
Ricardo:
- Se você não fizer isso, eu farei!
Pessoa:
- Isso! Nós faremos!
Larissa:
- Tudo bem... Tentarei fazer isso... Mas e se eu não conseguir?
Ricardo:
- Que você apodreça por todos os crimes que cometeu!
Apagam-se as luzes.
Cena V
Larissa:
- Ricardo, Ricardo!
Terceira voz:
- E afinal quem é ele?
Larissa:
- Ele é... Ele é... Meu..
Terceira voz:
- Vamos, diga!
Larissa tem um ataque de tosse e o proprietário da terceira voz surge com uma faca.
Apagam-se as luzes e ouvem-se gritos.
Acendem-se novamente e Larissa se encontra com Pessoa e Ricardo novamente.
Ricardo:
- Parece que acabou tendo que pagar...
Pessoa:
- Ninguém mais respeita os loucos hoje em dia.
Larissa:
- Quem?
Pessoa:
- Vamos... Lá não está chovendo.
Ricardo:
- E parece que tudo começa de novo.
Cena VI
Chegam ao lugar seco e lá encontram o Amor, o Ódio e o Ciúme.
Amor:
- Ah, que belo dia... Também... Pudera! Eu estou aqui!
Ricardo:
- Nossa, que patético... Você achava que aqui era um lugar melhor?
Pessoa:
- Pelo menos não está chovendo...
Larissa senta em uma pedra a lado da penteadeira do Amor e fica o observando.
Ódio:
- Se esse tal de Amor não ficar quieto eu o mato!
Ricardo:
- Agora as coisas estão ficando mais interessantes!
Ciúme:
- Porque você fica prestando atenção no que ele diz? O Ódio dele só tem um alvo principal!
Ricardo:
- Que obviamente não é você.
Ciúme:
- Sim, eu sou excluído, mas precisa jogar na minha cara? Aliás, quem está falando comigo?
Ricardo:
- E isso importa? Pensei que só a verdade importasse...
Ciúme:
- A verdade não importa mais para mim... Todos a superestimam agora...
Larissa:
- Você é lindo, perfeito!
Amor:
- É, eu sei.
Larissa – enfeitiçada:
- Posso me jogar ao seu colo?
Amor:
- Nunca me pediram permissão para tal coisa. Pode, claro!
Ricardo:
- Deixa de ser boba, garota! Ele é apenas um sentimento...
Larissa:
- Ah, Ricardo... Cala a boca!
Pessoa:
- Esse Ricardo me tira do sério... Ele podia ter deixado a Larissa só para mim, não é mesmo?
Ciúme:
- Nossa, você é tão possessiva quanto eu!
Pessoa:
- E quem seria você?
Ciúme:
- E isso importa? Pensei que só a verdade importasse.
Pessoa:
- Nunca ouvi nada tão real.
Ódio:
- Ah, que rancor! Que ódio! – que egocentrismo mais digno do Amor – Que cena mais absurda de se ver! Humanos se apaixonado por sentimentos! Alguém previu isso?
Ricardo:
- Os românticos, por mais que me doa admitir.
Ódio:
- De quem é essa voz?
Ricardo:
- E isso importa? Pensei que só a verdade importasse.
Ódio:
(ri descontroladamente)
- Em que mundo você vive?
Ricardo:
- No interior de um mundo louco. Louquíssimo.
Ódio:
- O planeta Terra?
Ricardo:
- Não... A cabeça daquela menina ali.
Escuridão. Ouvem-se os gritos da Larissa e um último suspiro: Ricardo...