apalavreado

adj.m. 1.aquele que não consegue descrever com palavras, 2. eu, 3. você, 4. os humanos em geral

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Nazismo?

Entrei para fazer a prova, sentei-me na carteira após falar vinte minutos com a Akemi e com o Alex. Olhei para a carteira estranha e assustei-me ao ver uma suástica desenhada. Suportei ao impulso de levantar e pedir para que trocasse a cadeira. Sentia um peso enorme dentro de mim... Uma suástica? A pessoa que desenhou isso sabe o que ela significa? Nazismo? No Brasil? Nos anos 2000? Se antes já era ridículo, agora se tornou pior ainda! Como alguém consegue ser nazista?
“Quem é que usa cabelinho na testa
E um bigode que parece mosca
Só cumprimenta levantando o braço
Ê, ê, ê, ê palhaço!”

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Questão de confiança

Não confio mais. Nem em você, nem em mim... Não sei mais como é ser feliz. Poder dizer a alguém como eu me sinto... Nem eu papel posso. Você me traiu de tal forma que hoje olho para todos os lados antes de respirar. Não confio mais.
Você, ridículo. Você, ordinário. E eu... Mais ridícula e ordinária que o mundo inteiro... Uma combinação absurda que só poderia resultar nisso: mágoas. E é isso. O fim.

sábado, 24 de novembro de 2007

Ignorando

Sentei-me pensando em escrever qualquer palavra boba, qualquer palavra chula, qualquer palavra estúpida... Vieram então, lindas palavras na minha mente. Tão lindas quanto você...
Fui escrevendo a raiva que eu sentia com palavras tão lindas quanto o amanhecer. O seu sorriso não apareceu para me acolher e o frio veio em meu coração se esconder...
Eu realmente cheguei a acreditar que poderia me revoltar contra você... Mas você me dominou. Com a sua alegria e amizade... Ou era isso que eu pensava ter...
Palavras chulas é o que você merece. Não merece nem as minhas outrora cortantes ironias. Meu desprezo eterno é aquilo que têm agora.
Daquele que eternamente ignorará a sua presença.

domingo, 18 de novembro de 2007

Sonho

Acordei um dia com a minha vista muito embaçada... Vi um coelho correndo... Ou será que era apenas o meu urso parado no canto do quarto?
Quis entrar em um pequeno buraco que encontrei quando lia o meu livro... Mas eu não passava por ele. Um rato entrou correndo e eu percebi que estava acordada.
Fui tomar café e quase pedi um cigarro. Lembrei-me então que eu não fumava. Pensei em falar com alguém estranho em um café qualquer... Então me veio que seria um pouco arriscado fazer isso aqui, no mundo real.
Pedi mais um café e pensei em sair sem pagar. Lembrei-me que tinha ética e que tudo traria conseqüências mais drásticas aqui, no mundo real.
Paguei e sai. Pensei em correr pela rua, mas me lembrei que as pessoas reclamam de tudo e de todos.
Pensei que poderia ignorá-las, mas não queria ser um ignorante aqui, no mundo real.
Cheguei a pensar que poderia dormir e voltar à sonhar. E hoje eu só sonho. O mundo para mim não é mais real.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Corações

Entrou na sala de cirurgia mais uma vez... Seu coração acelerando enquanto o do paciente parava...
Voltou para a casa sentindo-se péssimo. Via o mundo caindo ao seu redor... Sentou-se, esparramado no sofá e começou a chorar. Suas lágrimas eram poucas, mas suficientes para que não conseguisse falar.
Não agüentava mais ver as pessoas morrendo ao seu redor! Seria tão mais simples se ele fosse insensível... Desejou não ter coração como todos nós.
E assim, morreu a última esperança humana.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Hoje

O choro hoje me consola
Hoje o riso não me serve
Hoje nem um sorriso preservo

O choro hoje é meu amigo
E meu inimigo é quem ri
Hoje quem sorri me machuca

Hoje quem chora é o cavaquinho
Hoje mantenho meus amigos distantes
E meus inimigos por perto

Hoje choro lágrimas que já nem existem mais

Hoje nada mais é triste
Hoje quero rir
Mas todos querem chorar

Hoje
Hoje quero sentar e chorar
E amanhã já quero levantar

Hoje você não sabe do que está acontecendo
Amanhã percebe que estou chorando
E como se fosse meu amigo, vem me ajudar.

Hoje eu não quero olhar pro seu rosto
Hoje eu só quero conversar com uma pessoa
E hoje você pode ter a certeza de que não é com você.

Hoje eu não quero ouvir o que você vai me dizer
Hoje eu não quero escutar o mesmo papo-furado de sempre
Hoje eu preciso de um ombro amigo

E a partir de hoje, esse ombro-amigo não será você.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Palavras...

Palavras...
Sentiu o vento levar os seus cabelos e percebeu que não sabia mais como se expressar....
Palavras...
Seus pensamentos formavam imagens e não palavras.
Palavras...
Descia a rua sem falar com ninguém.
Palavras...
A rua estava cheia mas não havia palavras em sua mente
Palavras...
Um senhor a parou para saber as horas.
Horas?
Vasculhou seus pensamentos a procura de palavras...
Palavras...
Qualquer que fosse a
Palavra...
O senhor ainda a olhava
E ela ainda procurava
Palavras...
Finalmente sorriu e disse que eram 5:10
O homem agradeceu com palavras desconhecidas.
Palavras...
E foi embora com algumas palavras estranhas na cabeça
"Todo mundo deveria ler pensamentos"
Foi o que desejou no momento em que lhe faltavam as palavras



texto ruim que postei só por causa da brincadeira de fazer um texto com uma palavra que te falaram... (fazer isso todo o dia? quem sabe...)

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Cow Parade

Estava na FNAC da Avenida Paulista. Era o ano de 2005 e a exposição denominada “Cow Parade” chegara à cidade de São Paulo. A vaca tinha o nome de Pollyanna.
As pessoas passavam desatentas pela vaca, não lhe davam atenção. As poucas que olhavam contemplavam-na por segundos. A estátua era muitas vezes confundida com uma mera propaganda da loja.
Os adultos paravam apenas para segurar as crianças que corriam em direção a tão coloria vaca. Talvez fosse a distração ou então a falta de informação que causava aquilo.
É estranho o pouco valor dado às obras de arte, como mostrou a experiência que fez um grupo de arte que colocou sacos plásticos nas estátuas da rua geralmente ignoradas pelos transeuntes. Quando cobertas todos olhavam e se perguntavam o que ocorrera.
Conheço muitos que, lendo isso, diriam que é “porque o Brasil não tem cultura”. Eu sinto pena ao ouvir isso e saber que se essa idéia tivesse sido posta em prática no exterior todos iriam adorar.
O que eu acredito que falta ao brasileiro é um toque de orgulho. Algo que o faça olhar uma estátua, um quadro ou uma vaca e dizer: “o Brasil é um país de artistas”. Por mais patriota que eu seja eu consigo ver isso em outros países.
Poucas pessoas repararam nas vacas e um número menor ainda delas se entusiasmou com elas. As vacas da exposição se tornaram mais um objeto do cotidiano das pessoas. Não uma obra de arte e sim um obstáculo, algo que barrava entradas e caminhos.
As pessoas deveriam parar de correr tanto e começar a perceber a beleza de cada dia. Perceber que cada dia que elas vivem pode se tornar uma obra de arte. Pelo menos para elas.