apalavreado

adj.m. 1.aquele que não consegue descrever com palavras, 2. eu, 3. você, 4. os humanos em geral

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Peça

O porquê:
tenho reparado que sou muito repetitiva no que digo (nossa, novidade?) e percebi que no que escrevo também. As temáticas por mais que variem são sempre trabalhadas em um mesmo tipo de texto. Geralmente curto, mas bastante descritivo. Resolvi tentar fazer uma peça. Pela primeira vez na minha vida, aos 17 anos eu faço uma peça, portanto façam o favor de rir, porque está bem tosca... Parece feito por uma criança, mas tudo bem... 

A peça: 


Cena I

 

Escuridão. Som de um forte temporal. Ouvem-se raios e trovões.

Uma luz aparece ao fundo do palco.

Ilumina-se uma pessoa encoberta por uma capa preta. Ela caminha em direção à luz.

 

Pessoa:

- Lá! Lá não está chovendo... Vamos, Ricardo.

 

Ilumina-se o vazio.

 

Ricardo:

- Tudo bem, mas o que faremos quando chegarmos lá?

 

Pessoa:

- Você sabe que não sou de fazer planos...

 

Ricardo:

- Então porque quer ir para lá?

 

Pessoa:

- Lá deve ser um lugar melhor... Afinal, lá não está chovendo...

 

Ricardo:

- Lá vem você com os seus estereótipos...

 

Pessoa:

- Não é um estereótipo... Deus já nos castigou assim, com chuva, uma vez.

 

Ricardo:

- Não sabia que ele tinha tão pouca criatividade.

 

Pessoa:

- Isso! Brinca mesmo com a Santíssima Trindade!

 

Ricardo:

- Você quer dizer divindade?

 

Pessoa:

- Quem é você para dizer o que quis dizer?

 

Ricardo:

- Agora esqueceu quem sou?

 

Pessoa:

- Algum dia soube?

 

Ricardo:

- É melhor fingir que não mesmo...

 

Pessoa:

- Você me confunde.

 

Ricardo:

- Você se confunde.

 

Pessoa:

- Pare de falar e ande mais rápido.

 

Ricardo:

- Mas estou na sua frente.

 

Pessoa:

- Tanto faz.

 

Ricardo:

- Sempre sonhei em te beijar na chuva... Mas você fica tão brava molhada que eu realmente fico com medo...

 

Pessoa:

- Não é a chuva,

 

Ricardo:

- São as lembranças que ela te traz. É, eu sei, você já disse isso.

 

Pessoa:

- Você não acredita, acredita?

 

Ricardo:

- Porque não?

 

Pessoa:

- Porque não deveria.

 

Ricardo:

- Se não é a chuva e não são as lembranças, o que é?

 

Pessoa:

- Ricardo! – param de andar e apagam-se as luzes, exceto a ao fundo do palco – Ricardo! É você Ricardo!

 

Som de chuva recomeça mais forte.

 

Cena II

 

Ilumina-se o palco todo, exceto o canto onde a nossa personagem encontra-se deitada.

Ouve-se uma terceira voz:

 

- De novo essa história de Ricardo? Assim vou achar que você está me traindo, Larissa.

 

 

Larissa levanta esfregando os olhos e tateia uma parte clara do palco como se procurasse um abajur. Ela faz como se o ascendesse e é iluminada.

 

Larissa:

- Trair-te? Com quem, amor?

Boceja.

 

Terceira voz:

- Com esse Ricardo com quem tanto sonha. Posso saber quem ele é?

 

Larissa:

- Mas é você, bem.

 

Terceira voz:

- Meu nome não é Ricardo.

 

Larissa:

- Como não?

 

Terceira voz:

- Ou você me fala quem é esse tal de Ricardo ou você nunca mais verá a luz do dia.

 

Larissa:

- Amor? Amor? O que deu em você?

 

Apagam-se as luzes.

 

Cena III

 

Canto oposto do que foi realizada a última cena. O Amor, o Ódio e o Ciúme.

 

Ilumina-se o Amor que está sentado em uma penteadeira, admirando-se.

 

Amor:

- Eu sou perfeito e, assim mesmo as pessoas dão meu nome a todos que conhecem...

 

Ódio:

- Pare de se amar tanto, você não passa de uma ilusão.

 

Amor:

- Então você deve ser louco para estar aqui, falando comigo, não é querido Ódio?

 

Ciúme:

- Porque você o chamou de querido? Ele te maltrata e eu... Eu que sempre fui bom para você...

 

Amor:

- Só disse isso porque não consigo odiá-lo... Sou tão perfeito que só tenho amor no coração.

 

Ódio:

- Egocêntrico maldito!

 

Apagam-se as luzes.

 

Cena IV

 

Som de chuva, um pouco mais branda que a inicial.

 

Pessoa:

- Ah, a chuva está amena agora...

 

Ricardo:

- E você?

 

Pessoa:

- O que?

 

Ricardo:

- Está melhor?

 

Pessoa:

- Do que você está falando?

 

Ricardo:

- Você tem sérios problemas e é melhor trata-los logo...

 

Ilumina-se todo o palco e Larissa aparece correndo em direção à Pessoa de capa. Ricardo permanece invisível.

 

Larissa:

- Ele descobriu tudo!!

 

Ricardo:

- Que você é louca?

 

Pessoa:

- Cale-se! – apenas para Ricardo – ela não pode saber disso!

 

Larissa:

- Ele... Ele sabe sobre o Ricardo...

 

Pessoa:

- Então conte toda a verdade!

 

Larissa:

- Não poderia suportar tamanha vergonha.

 

Ricardo:

- Se você não fizer isso, eu farei!

 

Pessoa:

- Isso! Nós faremos!

 

Larissa:

- Tudo bem... Tentarei fazer isso... Mas e se eu não conseguir?

 

Ricardo:

- Que você apodreça por todos os crimes que cometeu!

 

Apagam-se as luzes.

 

Cena V

 

Larissa:

- Ricardo, Ricardo!

 

Terceira voz:

- E afinal quem é ele?

 

Larissa:

- Ele é... Ele é... Meu..

 

Terceira voz:

- Vamos, diga!

 

Larissa tem um ataque de tosse e o proprietário da terceira voz surge com uma faca.

 

Apagam-se as luzes e ouvem-se gritos.

Acendem-se novamente e Larissa se encontra com Pessoa e Ricardo novamente.

 

Ricardo:

- Parece que acabou tendo que pagar...

 

Pessoa:

- Ninguém mais respeita os loucos hoje em dia.

 

Larissa:

- Quem?

 

Pessoa:

- Vamos... Lá não está chovendo.

 

Ricardo:

- E parece que tudo começa de novo.

 

Cena VI

 

Chegam ao lugar seco e lá encontram o Amor, o Ódio e o Ciúme.

 

Amor:

- Ah, que belo dia... Também... Pudera! Eu estou aqui!

 

Ricardo:

- Nossa, que patético... Você achava que aqui era um lugar melhor?

 

Pessoa:

- Pelo menos não está chovendo...

 

Larissa senta em uma pedra a lado da penteadeira do Amor e fica o observando.

 

Ódio:

- Se esse tal de Amor não ficar quieto eu o mato!

 

Ricardo:

- Agora as coisas estão ficando mais interessantes!

 

Ciúme:

- Porque você fica prestando atenção no que ele diz? O Ódio dele só tem um alvo principal!

 

Ricardo:

- Que obviamente não é você.

 

Ciúme:

- Sim, eu sou excluído, mas precisa jogar na minha cara? Aliás, quem está falando comigo?

 

Ricardo:

- E isso importa? Pensei que só a verdade importasse...

 

Ciúme:

- A verdade não importa mais para mim... Todos a superestimam agora...

 

Larissa:

- Você é lindo, perfeito!

 

Amor:

- É, eu sei.

 

Larissa – enfeitiçada:

- Posso me jogar ao seu colo?

 

Amor:

- Nunca me pediram permissão para tal coisa. Pode, claro!

 

Ricardo:

- Deixa de ser boba, garota! Ele é apenas um sentimento...

 

Larissa:

- Ah, Ricardo... Cala a boca!

 

Pessoa:

- Esse Ricardo me tira do sério... Ele podia ter deixado a Larissa só para mim, não é mesmo?

 

Ciúme:

- Nossa, você é tão possessiva quanto eu!

 

Pessoa:

- E quem seria você?

 

Ciúme:

- E isso importa? Pensei que só a verdade importasse.

 

Pessoa:

- Nunca ouvi nada tão real.

 

Ódio:

- Ah, que rancor! Que ódio! – que egocentrismo mais digno do Amor – Que cena mais absurda de se ver! Humanos se apaixonado por sentimentos! Alguém previu isso?

 

Ricardo:

- Os românticos, por mais que me doa admitir.

 

Ódio:

- De quem é essa voz?

 

Ricardo:

- E isso importa? Pensei que só a verdade importasse.

 

Ódio:

(ri descontroladamente)

- Em que mundo você vive?

 

Ricardo:

- No interior de um mundo louco. Louquíssimo.

 

Ódio:

- O planeta Terra?

 

Ricardo:

- Não... A cabeça daquela menina ali.

 

Escuridão. Ouvem-se os gritos da Larissa e um último suspiro: Ricardo...

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Basta empurrar a barra

Se ela fosse alguém, sentiria-se mal por aquilo, mas limitava-se a ser ninguém. Com isso a cada dia odiava-se cada vez mais... Odiava-se por simplesmente não ter opinião própria, afinal quem era ela para dizer algo? Sua vida se tornou um ciclo vicioso do qual ela encontrou apenas uma saída.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Brigas

- Se eu for embora agora você há de me escutar.
- Se eu não te escuto nem quando você está a gritar ao pé do meu ouvido, hei de escutar com você distante de mim?
- Se você prestasse atenção em mim saberia o porquê!
- Mas eu não presto!
- Percebe-se...
- Você sabe que não quis dizer isso...
- Mas eu quis.
- Ah, como faz isso comigo, benhê?
- Vai ver se eu to na esquina.
- Como poderia se você está aqui, gritando ao pé do meu ouvido?
- Quer saber? Vai apenas estudar anatomia.
- Sério! Eu não entendo você! Páre de falar de forma tao enigmática!
- Você não me entende de qualquer maneira.
- Eu nunca disse isso!
- Não precisaria.
- Como vou te escutar se você não me deixa te entender?
- Nem parece que é homem... Se fosse saberia como escutar sem entender.
- O que você quer dizer?
- Como agora, por exemplo.
- Você me tira do sério.
- Não posso dizer que seja ultra agradável estar com você!
- E o que estamos fazendo juntos?
- E eu sei?
*Beijam-se*
- Só sei que quando eu for embora você há de me escutar suspirando na sua mente

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Besteiras de devaneios diários

O frio penetrava na sua pele como milhões de agulhas. Aquela sensação era maravilhosa, como se fosse única. Como se só ela pudesse sentir tal dor e prazer.
O sol nascia entres os prédios para seu novo dia de fígado de Prometeu. Sorriu por aquela bola amarela - será que era mesmo amarela? - estar fraca aquele dia. Assim estaria livre das enxaquecas típicas do verão.
Saiu de casa, subiu a rua e andou pelas já conhecidas calçadas. Parecia, todavia, que algo havia mudado. Olhou a rua e percebeu que nunca a tinha visto e agora, a via também a via.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Um modo simpático de morrer.

Ela se jogou na cama ao som de "Cálice" e se moveu nela com dificuldade.
Sangue... Sangue - sangue!
Palavra presa na garganta? Ela gritou ruídos desconhecidos e, ainda se remoendo na cama tateou o criado mudo em busca de água - quem sabe ela não viraria vinho.
Embriagou-se na sua melancolia e assim adormeceu.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Contra-reforma

Pois é. Vamos falar da reforma ortográfica. Sim, eu odeio essa maldita reforma, mas a gente causa também. Não, não vou adaptar meus textos à nova ortografia até - quando é mesmo? ah sim - 2013. Aliás, voltarei a escrever à moda antiga. Fato que a língua portuguesa está longe, bem longe de se tornar morta, mas ser sujeito a tantas reformas simplesmente cansa os (sic) falatores da língua. Se é ou não para integrar os países, se é para facilitar a comunicação ou se é para, como dizem algumas pessoas com síndrome de perseguição, tirar empregos dos tradutores (o que pode ou não acabar ocorrendo), não sei só sei que eu gosto de usar hífen e mais ainda dos acentos diferenciais.
Então com licença que vou pegar o metrô e ver a velhinha sentar neles e ir até a pharmacia.