apalavreado

adj.m. 1.aquele que não consegue descrever com palavras, 2. eu, 3. você, 4. os humanos em geral

domingo, 28 de outubro de 2007

Rendição

Sinceramente, eu não consigo mais olhar nos seus olhos e sentir-me bem ou feliz. Sinceramente, eu só quero lhe esquecer. Sinceramente, saia da minha vida pois eu não quero mais lhe ver.


Eu, querida, cheguei a pensar que a nossa amizade pudesse durar. Eu jurava que sentia isso também.

Carta de rendição.
Sim. Eu me rendo. Eu, que me achava uma pessoa forte e segura. Eu. Eu.
Sinto-me incrivelmente mal ao fazer isso, mas sinto também que muitas vezes um orgulho deve ser quebrado.
Vejo-me dobrado diante de tantas idéias e confusões que surgem na minha cabeça. Faço demasiado esforço pra controlar-me diante de tanta opressão. Tanto esforço que já não agüento mais. E me rendo.
E choro escondido para que ninguém venha a observar-me. E sinto que estou escondendo algo de todos mas nem me importo mais. Estou rendido. Gemendo ao menor sinal de grito. Quebrando ao menor movimento agressivo. Não só seu. De qualquer um. Eu me rendo.
Podem me bater, xingar, mandar eu calar a boca. Ou seja lá o que quiserem. Estou rendido. Podem falar mal de quem bem entenderem. Eu não vou mais gritar para ser ouvido. Estou rendido.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Tristeza, tristeza

Pseudo-paródia de "Alegria, alegria" de Caetado Veloso

Caminhando, tá chovendo
To cansado e correndo
Na garoa de setembro
Eu fico...

As gotas batem no lixo
Carro, shopping... Buzinas
Em grandes avenidas
Eu fico...

Entre Contigo e Caras
Em baixo daquele sudoku
Em vidas, novelas, feiras
Guerra e filme pornô

O Chico Bento na praça
Me enche de alegria e nostalgia
Quem lê tanta fofoca...
Eu fico...

Por entre roubos e assaltos
Do Luciano e “as pessoas”
Com o peito molhado na chuva
Eu fico...
Por que sim, por que sim

Ela só gosta de história
E eu me interesso por fofoca
To cansado e correndo,
Eu fico...

Eu tomo uma H2OH
Ela pensa na história
E uma celebridade me consola
Eu fico...

Por entre roubos e assaltos
Sem ROLEX e sem almoço
Sem cueca, sem grana
Na garoa daqui...

Ela nem sabe que eu queria
Participar do Show do Tom
A chuva vai caindo...
Eu fico...

To cansado e correndo
Nem um relógio no pulso
Eu quero seguir sorrindo, ladrão
Eu fico... (por que sim, por que sim...)

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Sorriso

Sorriu o sorriso mais sarcástico que pôde e foi o que bastou para que explodissem ridadas. O seu sorriso era a sua arma. Bastava sorrir que todos descobriam o que queria dizer. Quem precisava de palavras?
Dizem que os olhos são as janelas da alma. Os seus, porém, eram vazios. Equilibravam-se com o seu sorriso que tudo expressava. Seu rosto harmonioso sorriu para mim com uma doçura impressionante...
Surpreendi-me quando não encontrei seu sorriso na rua... Talvez o rosto sem sal fosse uma séria proteção...
Sorriu um sorriso sem graça quando trombamos e continuou a caminhar...
Sorriu o sorriso mais falso que pôde e percebi que representava a própria humanidade.
Viveu para sempre nesse mar de falsa felicidade. Sorrindo o que não sentia.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Professor

Pára tudo!
Alguém abriu a minha mente!
Pára tudo!

Eu olho para todos os lados
Mas não consigo saber quem foi.
Alguém chama o meu nome
E diz que foi o professor.

Acho estranho
Observo atenta aquele que está a minha frente
Minha cabeça está diferente
Amadureceu muito em pouco tempo
Quero voltar à infância
E quando tento, sou barrada.

Pára tudo!
Alguém abriu a minha mente!

sábado, 13 de outubro de 2007

Amor

Inspirado na fala de Al Pacino no filme "O Advogado do Diabo" quando Keanu Reeves lhe pergunta sobre o amor:
-Superestimado! Bioquimicamente não é diferente de comer grandes quantidades de chocolate...


Você diz que ama a todos.
Vai namorado, vem ficante.
A todos você ama.

Me disseram que o amor
Não é um sentimento especial
Não sei dizer.
Nunca o senti
E é claro que nunca menti

O amor não passa de bombons
Não posso comer
Que tenho alergia

Não sinto alegria
Quando encontro você
Como se não bastasse
Não tenho prazer.

sábado, 6 de outubro de 2007

Qual é a poção?

-Como você é gentil!, ironizou a garota que estava farta de conviver com aquelas pessoas...
Aquele tipinho ordinário e sempre feliz ou então, aquele tipo que acha que a vida depende de um "amor"...
"Ah... 'Amor'... Tá bom!", pensou a menina enquanto caminhava pela avenida Paulista. Sempre fazia sol de sexta-feira e isso a irritava. Nem o sol a agrava mais. Ela não conseguia acreditar que aquelas pessoas andavam felizes e sem razão para ser.
"Ser...", murmurou. Alguém nesse mundo ainda é algo?
"Não", respondeu. E "não" foi o qua a acompanhou em sua morte:
"Não, a humanidade não tem solução"

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Die Brücke

Grito! Horror! E medo!
Ele gritava, pedia ajuda e chorava!
Ninguém o ouvia
A escuridão o encobria
A vida injusta o destruira...
Ele nem ouvia mais...
Gritava apenas
E sentia-se um lixo pela sociedade
Tinha vontade de pular da ponte!
E continuava a gritar...
Até mesmo quando a rouquidão o atacou...
Saiu correndo e gritando
Acordando a todos com seus berros estridentes
Ele não tinha outra expressão
A não ser aquela de pavor
Ele já não sabia se existia
Mas seu vizinhos sim.
Acordados e muito perturbados
Saiam na rua e o avistavam...
Uma figura borrada
Foi tudo que seus olhos lacrimejantes permitiram ver
Uma figura que chorava a tragédia da vida humana
O desespero e o horror.
Que chorava por todos eles
Chorava todas as lágrimas que deixaram de ser derramadas
Gritava toda a dor que fora sufocada.
Uma cena que suas mentes criaram
Uma figura que os destruia...
Afinal, alguém devia se manifestar naquele mundo doentil...

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Problemas

Eu só vejo desgraça!
Até na risada mais pura eu vejo horror!
"Cansei, sabe!" foi o que eu disse quando vieram me perguntar se estava tudo bem... Cansei de ouvir essa pergunta falsa e cansei de ouvir a mesma resposta mais falsa ainda.
Eu não tenho um amigo sequer que me responda que não está tudo bem. Será possível que tudo sempre esteja perfeito para todos?
Qual é o problema das pessoas?
Se eu respondo que eu não estou bem ninguém sabe o que fazer... Qual é o problema das pessoas?
O problema é que Bob Esponja é mais divertido que a vida delas. Elas querem ser, agir e viver como ele.
O problema [e que as sátiras das séries de TV são mais legais! Tudo bem que são sátiras à vida das pessoas....
Qual o problema das pessoas?!
E eu estou começando a achar que o problema sou eu.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Olhares

O brilho daquele olhar me assustava. Era vivo e intenso. Ele olhou para mim e senti meu corpo se estremecer. Aqueles negros olhos eram como a noite e o brilho, suas estrelas. Aquele brilho falava comigo, eu sentia o que eles sentiam quando eu os olhava. Eles eram tão profundos que faziam eu me sentir envolvida por um calor intenso que ninguém mais poderia me dar. Mas o que faz você tão especial é o modo como consegue me deixar tão bem com o calor do seu olhar e logo depois fazer com que eu me sinta melhor ainda quando seus olhos param de emanar calor e falam com muito sarcasmo. Adoro o brilho malicioso, o frio, o quente e oseu sorriso que sempre combina com o seu olhar. Adoro o seu coração de pedra que só eu, o papel daquele jogo que não me lembro o nome, consigo envolver. Adoro seus olhos negros e raros como petróleo. Sinto-me tão vazia quando não encontro seus olhos nem a sua ironia... Que o brilho dos seus olhos nunca se perca, pois não sei mais viver sem a "luz dos olhos teus".