apalavreado

adj.m. 1.aquele que não consegue descrever com palavras, 2. eu, 3. você, 4. os humanos em geral

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Sete por Sete

Insuportavelmente ele ergueu a mão e perguntou.
Uma pergunta qualquer, uma pergunta retórica qualquer.
Como aquela que faria num dia frio.
Que pelo menos era frio pra ele.
E escuro também, parecia mais um sonho...
Não absorveu nada do que acontecia nele
Insuportavelmente se perguntou por que deveria morrer.

domingo, 27 de janeiro de 2008

?!

Quando me dá na telha eu saio de casa e vou até o “não empurra”. Dou duas ou três voltas ao redor dele e subo de volta a rua Manoel da Nóbrega.
Próximo ao monumento de Brecheret existe um monumento em homenagem a fundação de São Paulo. Lá tem uma pichação que diz: “Maluf pilantra”.
Não existe melhor jeito de exprimir arte, não é mesmo? Que seria melhor do que usar a arte alheia como degrau?
Arte e política são duas coisas muito perigosas.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Vida Insatisfeita

(texto velho... de novo)

O ocaso que por acaso assisti em uma praça próxima a minha casa em um dia de sol e vento era a paisagem de muitos casos da literatura universal. No céu, uma morada acolhedora, as nossas almas realmente vivem. Os raios avermelhados que se abaixavam cada vez mais eram como sinais de vida. Como se dissem que não somos realmente nós, que nunca nos esforçamos para sermos nós mesmos, que sempre deixamo-nos levar por comentários simples.
As nuvens de algodão puro brincavam como pequenas crianças tentando alegrar os preocupados e pensativos adultos. O amarelo predominante guardava todas as almas na sua grande morada. Protegia-as. O tempo foi passando e agora, o vermelho mostrado na casa celeste trazia a sensação de incrível tristeza, como se uma guerra tivesse começado, drasticamente. As cigarras que cantavam ao fundo anunciavam o início da nova era.
Como seria esta nova era? Se boa, se ruim somente o tempo diria, mas pelo que ocorreu logo após diria que foi péssima, De repente um vento forte soprou e as folhas das árvores despencaram. Uma caiu em minha mão e ela era..
Noite. Era escura. Tão escura... Seria realmente uma folha? A morada das almas estaca totalmente negra. Só após algum tempo de observação é que foram surgindo pontos pacíficos em um mundo em que ninguém se conhece e todos têm medos e aflições. Logo esses pontos se mutiplicaram.
Ao raiar do novo dia descubro que a suposta folha era na realidade uma flor. Ao sair de casa com a mais bela criação das almas senti-me feliz. Aquele sinal que me mandaram avisando que a guerra acabara. E depois dessa época de trevas, o cheiro do orvalho (ou o suor de tantas almas) juntou-se ao cantar dos pássaros que junto com a flor anunciavam a nova era.
A flor não sobreviveu. A guerra recomeçou no fim daquele dia em que tudo parecia maravilhoso. Parece que como aqui, as almas celestes nunca estão satisfeitas com sua vida. Mesmo que esta parecesse tão perfeita quanto um pôr-do-sol.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Cotidiano

Disse que não ia embora e chorou.
Disse que ia beber e riu.
Você disse que me amava e fugiu.

Todo dia você pergunta se eu volto pro almoço. Todo dia você me dá um beijo de despedida. Todo dia você me sufoca e eu morro de rir de você. Todo dia corto as suas falas e ironizo a sua vida e todo dia você me agradece por isso. Todo dia eu falo mal de você e toda a vez você pensa que é brincadeira. Cansei de brincar. Não gosto de você. Aliás, eu não te suporto! Me diz o porquê... O motivo de você simplesmente não sumir da minha vida!

domingo, 13 de janeiro de 2008

Tempestade

(esse texto está horroroso... parece mais uma corrente... mas é mais pra atualizar isso)
A chuva começou forte e não parou durante o final de semana. Aqueles foram os piores momentos livres da sua vida... Nenhum filme que já não tivesse visto, nenhum livro que já não tivesse lido, nenhuma história que já não tivesse escrito. Cansada daquela chuva forte que a impedira de sair durante o sábado e o domingo, saiu segunda-feira decidida que uma chuvinha não iria estragar um dia de trabalho.
As gotas d’água batiam no seu rosto sem piedade e, correndo a garota pisava em poças que surgiam a todo momento. Maldito rodízio, pensava, justo hoje! Justo hoje! A reunião era inadiável e a chuva deixou-a encharcada pouco tempo depois de sair do apartamento. Tudo bem, é só um emprego. Só o primeiro emprego. Não preciso ficar tão nervosa. Ela tentava se acalmar, mas o carro que passou e espirrou água nos pedestres não ajudou.
A chuva se tornava infernal e seu guarda-chuva não resistiu, logo quebrou. Com a parca sobre a cabeça correu até o SESC paulista e esperou um abrandamento da chuva. Que não aconteceu. Não naquele dia. Cansada de esperar e convencida de que não adiantaria correr andou até o metrô brigadeiro. Pegou o trem e foi para a entrevista. Chegou ao local em um estado lamentável e seu provável novo chefe pediu que se sentasse.
-Gostaria de tomar um chá, um café? ela recusou educadamente e secou o rosto com as mãos. O homem pediu a secretária que desse à moça uma pequena toalha para secar-se.
Após isso, ele olhou seu currículo e disse ‘quem está na chuva é para se molhar’. Contratou-a mais pelo esforço que havia feito apenas para chegar ao compromisso enquanto todos os outros haviam desmarcado os mesmos.