apalavreado
sábado, 27 de junho de 2009
Questão de ídolos
Da série diálogos
Apenas mais uma loucura
terça-feira, 23 de junho de 2009
Cartas de Amor são falsas, não seriam cartas de amor se não fossem falsas
domingo, 14 de junho de 2009
A flor e a USP
Preso à universidade e às minhas idéias
Vou atento pela rua cinzenta
Polícias, políticos espreitam-me.
Devo seguir até o enjôo?
Posso, com flores, revoltar-me?
Olhos sujos na torre do relógio:
Não, o tempo não chegou de completa justiça.
O tempo é ainda de merda, maus poemas, manifestações e espera.
O tempo pobre, o poeta pobre
Fundem-se no mesmo impasse
Em vão tento me explicar, os adultos são surdos.
Sob a pele das palavras há cifras e códigos
O sol consola os que tem frio e não os renova.
As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase
Vomitar essa revolta sobre a cidade.
Setenta e cinco anos e nenhum problema
Resolvido, tantos colocados.
Várias cartas escritas e recebidas
Todos seus estudantes voltam pra casa
Estão menos livres, pois leram jornais
E deturpam o mundo, sabendo que o perdem.
Crimes da usp, como perdoa-los?
Tomei parte em muitos, outros escondi
Alguns achei belos, foram publicados.
Crimes suaves, que não ajudam a viver
Ração diária de erro, distribuída para matar
Os ferozes jornalistas do mal
Os ferozes políticos do mal
Pôr fogo em tudo, inclusive em mim
Ao menino de 1968 chamavam revolucionário
Porém meu ódio é o melhor de mim
Com ele me salvo
E dou a poucos uma esperança mínima
Uma flor nasceu na rua!
Passem longe circulares, pms, suely
Uma flor ainda desbotada
Iluda a polícia (que se protege com escudos), rompe o asfalto
Não façam silêncio, prestem atenção, tirem fotos
Garanto que uma flor nasceu
Sua cor não se percebe
Suas pétalas não se abrem
Seu nome não está nos livros
É feia. Mas é realmente uma flor
Sento-me no chão do campus às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, a revolta, a desprezo e o ódio.