apalavreado

adj.m. 1.aquele que não consegue descrever com palavras, 2. eu, 3. você, 4. os humanos em geral

sábado, 27 de junho de 2009

Questão de ídolos

- Mãe, me dá um Chico Buarque de presente?
- Tia, eu quero um Fantasma da Ópera.
- Alguém me explica porque não existem homens como o Al Pacino próximos de nós?

Quando isso vai parar?

Da série diálogos

- Ai de mim
- Que coisa mais shakeaspereana...
- O que você quer de mim?
- Naturalidade, talvez? Ou é pedir demais?
- Meu trabalho é o exagero...
- Você deve ganhar muito com isso.
- Deixe-me! Não vê que sofro?
- E eu com isso?
- Se você quisesse me ajudar a superar tudo, sairia.
- Mas não quero.
- E eu posso ao menos saber o porquê?
- Arque com as consequências de suas escolhas!
- É o que estou tentando fazer, com licença?
- Uma das suas escolhas foi fazer de mim sua amiga. Não saio.
- Você deve me odiar, não é possível!
- É você quem diz que amor e ódio estão sempre muito próximos.
- Como?
- Nada...
- Você é muito fraca às vezes...
- Olha quem fala... O senhor estatelado no chão, gemendo só porque levou um fora.
- Pelo menos eu ajo mais do que você
- Você é um idiota.

Apenas mais uma loucura

E ele sorriu.
Na última fileira do ônibus, um em cada ponta.
Era assim que a vida os carregava.
Sempre separados de qualquer outra pessoa.
E eles nunca reclamaram.
Louco foi aquele que ousou sentar entre eles.
A distância era muita, mas um obstáculo tudo mudava.
E o sorriso sumiu.


- é apenas mais uma pessoa triste no mundo.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Cartas de Amor são falsas, não seriam cartas de amor se não fossem falsas

Sabe o que eu queria?
Queria poder te abraçar
sem acharem que estou dando em cima de você...

Queria poder encostar no seu ombro
e chorar
sem você ter que me perguntar o que está acontecendo...

Queria poder ficar em silêncio
sem você se sentir desconfortável...

Queria que você não se incomodasse
quando eu não olhasse pra você...

Queria que você simplesmente acordasse
e visse que eu não olho pra você porque é doloroso demais.
Cada vez que meu olhar sem vida e sem graça encontra com o seu olhar tão brincalhão e belo meu coração se aperta e começa a lamentar.

Queria que você percebesse
que texto piegas não é coisa minha
e que isso é sim pra você.

domingo, 14 de junho de 2009

A flor e a USP

Preso à universidade e às minhas idéias

Vou atento pela rua cinzenta

Polícias, políticos espreitam-me.

Devo seguir até o enjôo?

Posso, com flores, revoltar-me?

Olhos sujos na torre do relógio:

Não, o tempo não chegou de completa justiça.

O tempo é ainda de merda, maus poemas, manifestações e espera.

O tempo pobre, o poeta pobre

Fundem-se no mesmo impasse

Em vão tento me explicar, os adultos são surdos.

Sob a pele das palavras há cifras e códigos

O sol consola os que tem frio e não os renova.

As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase

Vomitar essa revolta sobre a cidade.

Setenta e cinco anos e nenhum problema

Resolvido, tantos colocados.

Várias cartas escritas e recebidas

Todos seus estudantes voltam pra casa

Estão menos livres, pois leram jornais

E deturpam o mundo, sabendo que o perdem.

Crimes da usp, como perdoa-los?

Tomei parte em muitos, outros escondi

Alguns achei belos, foram publicados.

Crimes suaves, que não ajudam a viver

Ração diária de erro, distribuída para matar

Os ferozes jornalistas do mal

Os ferozes políticos do mal

Pôr fogo em tudo, inclusive em mim

Ao menino de 1968 chamavam revolucionário

Porém meu ódio é o melhor de mim

Com ele me salvo

E dou a poucos uma esperança mínima

Uma flor nasceu na rua!

Passem longe circulares, pms, suely

Uma flor ainda desbotada

Iluda a polícia (que se protege com escudos), rompe o asfalto

Não façam silêncio, prestem atenção, tirem fotos

Garanto que uma flor nasceu

Sua cor não se percebe

Suas pétalas não se abrem

Seu nome não está nos livros

É feia. Mas é realmente uma flor

Sento-me no chão do campus às cinco horas da tarde

e lentamente passo a mão nessa forma insegura.

Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.

Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.

É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, a revolta, a desprezo e o ódio.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Sobre a Universidade de São Paulo e a sua relação com as outras cidades do Brasil (ou simplesmente São Paulo)

para os assíduos frequentadores desse blog (fim da ironia): vocês bem sabem que pouco do que escrevo é retirado da minha vida ou da minha relação com as coisas e pessoas... Não sou poeta, não suspendo o presente, como diriam os críticos literários. Não sou repórter, não retrato a realidade (eu disse fim da ironia?). Não sou ninguém para ficar aos quatro ventos dando a minha opinião, mas esse momento é um momento que minha opinião não pode ficar escondida.



A Cidade Universitária foi invadida!

Não (apenas) pela PM, mas pela ignorância de seus "habitantes".
Sou uma imigrante recente, como todo primeiro anista e ainda não me acostumei com muitas das peculiaridades da cidade. Mesmo assim, como cidadã desse país me vejo na obrigação de me informar a respeito de tudo que nela ocorre.
Acontece que a reitora (prefeita de uma cidade nos padrões mais conhecidos, porém não podemos dizer normais, não é mesmo?) chamou a polícia militar para conter o que chamamos de piquete, que segundo ela (e mais algumas pessoas) é ilegal. O piquete, porém, não é de todo ruim, já que na teoria, não passa de uma discussão. Errado ou não, legal ou não, a reitora chamou a PM e deu força aos três movimentos sociais que já estavam inquietos lá na cidade (onde já se viu cidade com três movimentos sociais apenas?).
Eu, como imigrante vinda de São Paulo, sem uma opinião política certa (minha opinião varia conforme o momento político e social vivenciado) me posicionava contra a greve dos estudantes. Eu acreditava que nossas pautas (UNIVESP, REPRESSÃO E CORTA DE VERBA PARA A EDUCAÇÃO) podiam ser resolvidas sem a necessidade de uma greve. Temos a imprensa, que apesar de não estar do nosso lado, pode ouvir o que temos a dizer e repassar. Ri da minha ingenuidade.
Ri mesmo. E eu pensava que eu era realista. A UNIVESP é um projeto de ensino à distância que precisa de muita melhora e aprimoramento antes de ser aprovado. Só porque é um projeto barato e estamos em um ano de crise quer dizer que ele pode ser aprovado? Não pode não! Mas quem nos escuta? Somos apenas a elite que não quer ver a educação para todos. Ridículo. A quem puder interessar, o Movimento Estudantil (ME) está a procura de um projeto para contrapor à UNIVESP.
As outras pautas, apesar de concordar, não são tão fortes quanto a primeira. Ta, vai, estamos num ano de crise, todo mundo vai pagar e bla bla bla... Não deveríamos, mas vamos... e a repressão contra os movimentos sociais em geral, que depois de terça-feira (9/6) se mostrou mais evidente ainda.
Estou ainda inconformada com a violência da polícia, com a parcialidade da imprensa e com a facilidade da população em ser manipulada. O que fazer para mudar isso?
Olha, não sei mais. Mas eu ainda quero uma imprensa do Movimento Estudantil. Para que parem que achar que somos um bando de filhinhos de papai idiotas que não tem mais o que fazer e fica procurando pelo em ovo.
Desculpa, mas não da pra estudar assim. Não da pra estudar num prédio precário que nem o da Letras e fingir que está tudo bem. Não da pra ver jovens levando cacetada e falar: eles provocaram, ainda mais se você sabe a verdade. Não da pra ver professores passando mal com gás que a polícia joga sabendo que nem no ato eles estavam.
Violência nunca ajudou ninguém. O que mais vocês precisam saber? Que a senhora reitora de humana não tem nada? Se ela ficasse um dia no lugar de um funcionário ela perceberia que a greve é mais do que justa. Se ela falasse com os professores pra saber o que eles realmente acham do plano carreira, se ela analisasse direito o projeto da UNIVESP. Se ela fosse uma reitora e não uma política pura e simplesmente... Se ela conversasse com a gente perceberia muito do que não percebe. Mas conversar com a gente pra que se somos apenas um bando de baderneiros? Joga a PM em cima!
Ridículo.
fim do desabafo

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Paradigma

Diz a lenda
Dizia lento
Diz que ia, a lenda

muito disse e nada faz

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Viva la revoluciòn

Gritava loucamente
apaixonadamente
gritava pelo ideal em que
acreditava acreditar

se surprendeu quando
descobriu, assim, de repente
que a estavam
a manipular

- é nisso que dá não pensar

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Despedida

O triste foi quando ela percebeu que doía muito mais a falta de reação dele do que seus gritos.
Sempre que ela fazia algo idiota (o que não era raro), ele tinha algo a dizer. E, agora, ela por alguns segundos achou que o magoara. Mas ele sabia que para ele doía bem menos que nela... Se ela quer tanto sofrer, que sofresse. Ele não se importava. Gostava dela, com certeza, mas aprendera desde pequeno que as pessoas vão e vem, que as coisas mudam e é preciso se adaptar à elas.
Ele rapidamente se acostumou com o fato de não tê-la ao seu lado... Conseguia falar nela sem dor nenhuma, já ela... Ela pensava o porquê dessa falta de reação... Porque aquele homem estressado não gritava com ela... E simplesmente não encontrava solução.
Existem diversas formas de se encarar algo...