para os assíduos frequentadores desse blog (fim da ironia): vocês bem sabem que pouco do que escrevo é retirado da minha vida ou da minha relação com as coisas e pessoas... Não sou poeta, não suspendo o presente, como diriam os críticos literários. Não sou repórter, não retrato a realidade (eu disse fim da ironia?). Não sou ninguém para ficar aos quatro ventos dando a minha opinião, mas esse momento é um momento que minha opinião não pode ficar escondida.
A Cidade Universitária foi invadida!
Não (apenas) pela PM, mas pela ignorância de seus "habitantes".
Sou uma imigrante recente, como todo primeiro anista e ainda não me acostumei com muitas das peculiaridades da cidade. Mesmo assim, como cidadã desse país me vejo na obrigação de me informar a respeito de tudo que nela ocorre.
Acontece que a reitora (prefeita de uma cidade nos padrões mais conhecidos, porém não podemos dizer normais, não é mesmo?) chamou a polícia militar para conter o que chamamos de piquete, que segundo ela (e mais algumas pessoas) é ilegal. O piquete, porém, não é de todo ruim, já que na teoria, não passa de uma discussão. Errado ou não, legal ou não, a reitora chamou a PM e deu força aos três movimentos sociais que já estavam inquietos lá na cidade (onde já se viu cidade com três movimentos sociais apenas?).
Eu, como imigrante vinda de São Paulo, sem uma opinião política certa (minha opinião varia conforme o momento político e social vivenciado) me posicionava contra a greve dos estudantes. Eu acreditava que nossas pautas (UNIVESP, REPRESSÃO E CORTA DE VERBA PARA A EDUCAÇÃO) podiam ser resolvidas sem a necessidade de uma greve. Temos a imprensa, que apesar de não estar do nosso lado, pode ouvir o que temos a dizer e repassar. Ri da minha ingenuidade.
Ri mesmo. E eu pensava que eu era realista. A UNIVESP é um projeto de ensino à distância que precisa de muita melhora e aprimoramento antes de ser aprovado. Só porque é um projeto barato e estamos em um ano de crise quer dizer que ele pode ser aprovado? Não pode não! Mas quem nos escuta? Somos apenas a elite que não quer ver a educação para todos. Ridículo. A quem puder interessar, o Movimento Estudantil (ME) está a procura de um projeto para contrapor à UNIVESP.
As outras pautas, apesar de concordar, não são tão fortes quanto a primeira. Ta, vai, estamos num ano de crise, todo mundo vai pagar e bla bla bla... Não deveríamos, mas vamos... e a repressão contra os movimentos sociais em geral, que depois de terça-feira (9/6) se mostrou mais evidente ainda.
Estou ainda inconformada com a violência da polícia, com a parcialidade da imprensa e com a facilidade da população em ser manipulada. O que fazer para mudar isso?
Olha, não sei mais. Mas eu ainda quero uma imprensa do Movimento Estudantil. Para que parem que achar que somos um bando de filhinhos de papai idiotas que não tem mais o que fazer e fica procurando pelo em ovo.
Desculpa, mas não da pra estudar assim. Não da pra estudar num prédio precário que nem o da Letras e fingir que está tudo bem. Não da pra ver jovens levando cacetada e falar: eles provocaram, ainda mais se você sabe a verdade. Não da pra ver professores passando mal com gás que a polícia joga sabendo que nem no ato eles estavam.
Violência nunca ajudou ninguém. O que mais vocês precisam saber? Que a senhora reitora de humana não tem nada? Se ela ficasse um dia no lugar de um funcionário ela perceberia que a greve é mais do que justa. Se ela falasse com os professores pra saber o que eles realmente acham do plano carreira, se ela analisasse direito o projeto da UNIVESP. Se ela fosse uma reitora e não uma política pura e simplesmente... Se ela conversasse com a gente perceberia muito do que não percebe. Mas conversar com a gente pra que se somos apenas um bando de baderneiros? Joga a PM em cima!
Ridículo.
fim do desabafo
2 comentários:
Ah, Paula, muitíssimo positivo você colocar isso aqui. Não dá pra acreditar nas coisas que se lê nos jornais, os caras não falam nem com os professores!
É absurdo ver gente recorrendo à violência num lugar que supostamente valoriza o conhecimento. Nem sei o que pensar.
beijo!
Paula, de verdade, ajudou e MUITO ler tudo o que acontece por lá, porque como disse a garota acima, não dá pra acreditar muito nos jornais nessa parte :B
Meu único comentário sobre isso é: é foda.
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