apalavreado

adj.m. 1.aquele que não consegue descrever com palavras, 2. eu, 3. você, 4. os humanos em geral

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

2010

A humanidade precisa aprender que um ano novo não significa recomeço. Significa, se muito, uma continuidade.

sábado, 18 de setembro de 2010

relação

Eu não sou um oráculo
sou apenas professora
que corre contra

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Finda

Uma vida que
de repente acaba é
sorte, não é morte

esta são

Uma flor que nasce
é aquela primavera
mas que não verão

relações

Num jogo de truco
para dois jogadores
- três, seis e nove

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Quem me dera agora eu tivesse a viola pra contar.

Quando vamos ao cinema, já vamos esperando que o filme nos absorva de uma forma que esqueçamos o que se passa ao nosso redor. Toda a atmosfera do cinema proporciona isso: a escuridão, a tela grande, o silêncio (isso tudo se nenhum chato estiver na sala com um celular – sério, porque as pessoas pararam de usar relógios? – uma boca muito grande, etc).

“Uma noite em 67” parece que vai além dos filmes que nos englobam na história, nos dá vontade de cantar junto com Edu Lobo, chorar ao lado de Gilberto Gil, rir com o Chico Buarque, concordar com as posições políticas de Caetano, discordar de outras, enfim. O filme nos engloba de uma maneira, talvez pela proximidade histórica do fato, que não conseguimos sair dele tão cedo.

Uma letra faz muita diferença, mas no filme a intenção vai além: é um “quem me dera agora eu tivesse a viola pra cantar” mesmo. Como brasileiros, estamos um tanto fatigados de saber o quanto a música brasileira é significativa tanto no sentido artístico quanto no político, mas o filme pontua tudo isso com bastante sensibilidade e sem muitos rodeios.

67 foi um ano caótico, como percebemos hoje, com uma análise dos fatos: uma nova constituição e um ano antes do AI-5. É estranho pensar que, inicialmente, os Festivais nada mais eram que um programa de televisão. Estranho porque a importância que eles tiveram, historica, cultura e politicamente é algo que se expande até os dias de hoje.

Todos os acontecimentos – polêmicos – desse Festival, todas as músicas (que ouvimos até hoje), os sentimentos dos seus autores na época e hoje: tudo isso nos faz ter mais orgulho de ser brasileiros. Diferente de outros documentários, “Uma noite em 67” não é maçante – especialmente se você gosta da MPB da época. O filme é uma relíquia para a nossa cultura, como foram todos os festivais.

Mas ele não é apenas um documentário. Não nos parece que a idéia do filme era apenas nos mostrar como eram os Festivais. A idéia é quase como nos colocar dentro do Teatro Record, dentro da multidão que vaiava Sérgio Ricardo.

Interessante não conseguirmos saber ao certo os motivos das vaias, mas é curioso pensarmos que “Beto bom de bola” era uma das poucas músicas finalistas que não possuíam mensagem política alguma. Além de tudo isso o filme nos da uma consciência do trabalho dos artistas, quer dizer, poucas pessoas sabiam que o responsável pelo arranjo do fim de “Roda-viva” foi Magro, integrante do MPB4.

Por fim, o filme não trata apenas de 67, mas da eclosão desse ano: novos movimentos artísticos, como o Tropicalismo. Como se fosse possível vislumbrar, em 1967, uma mudança radical na música tradicional popular brasileira. E de fato foi possível: houve uma divisão entre a MPB, a bossa nova e o tropicalismo.

Hoje, jogamos tudo no mesmo balde, como se não tivesse diferença entre elas. O fato principal é que talvez essa distinção seja desnecessária, uma vez que todas fazem parte, de forma igualitária, da cultura brasileira. O que se esquece, todavia, é que cada estilo tomava posições políticas determinadas e isso acabava por influenciar a música.

Mas talvez a principal lição que esse documentavida traz consigo é o fato de não se jogar uma viola fora. De fato, nem em época de ditadura, nem em época de suposta democracia, afinal, nunca se sabe quando contar e tratar de assuntos livremente nos pode ser tirado. Como protestar em um ambiente tão hostil a manifestações? Até hoje temos alguns problemas quanto a isso e, assim, sempre teremos a arte.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Run

Juro que não dá pra entender.
Essa correria da cidade.
Todos têm pressa.
E eu
só quero parar.
Parar por um instante,
enquanto todos correm.

Ter divagações.
Sobre essa vida
tão corrida.

Algum dia, bem depois que eu morrer, terão mapeado as temáticas que per-correram nossa época. A minha época.
Ainda bem que não viverei pra ver.

Esse post termina aqui por falta de tempo para finalizá-lo

domingo, 29 de agosto de 2010

agosto

Agosto não passa, se arrasta.

sábado, 24 de julho de 2010

Clichê

É no mínimo irônico como as coisas são... É, no mínimo isso...
Há muito tempo tropecei na calçada. Isso poderia ter despertado em mim uma outra visão sobre o mundo ou sobre a vida, o universo e tudo mais, mas não.
O movimento da pedrinha, se deslocando, rodando até a raíz daquela enorme árvore e batendo com um leve baque poderia ter me inspirado de uma maneira que não sairia do transe hipnótico da escrita. Mas não.
Não que isso seja relevante para algo, é apenas engraçado. Eu podia ter levantado e começado a cantar e dançar, como geralmente faço, mas hoje não quis. Sei que parece natural, mas não deveria ser. Cada acontecimento, como o mosquito que acabou de voar pela janela, deveria ser relevante para a nossa vida - e não digo relevante no sentido "efeito borboleta" de ser, mas relevante na prática mesmo. Afinal, porque não posso me emocionar com a saída do mosquito pela janela? Isso não é uma metáfora? De liberdade, claro, mais clichê impossível. Sinceramente, cansei de me importar com clichês! A beleza da vida muitas vezes está presente nesses clichês!
Sem os clichês não teríamos a renovação da chuva, a alegria do sol e muito menos a surpresa do inusitado - que já é um clichê.
Sejamos inovadores e admitamos que gostamos - e muito - dos clichês.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Leviandade

Confesso que muitas vezes quis ser um tanto mais leviana. Não por nada, mas você já não se sentiu sufocado por tantas obrigações? E o péssimo é que às vezes não conseguimos nem definir os motivos de fazermos algo...
A inércia funciona para isso também... Tenho essa teoria... Já reparou que uma vez que você começou a seguir um caminho é muito difícil parar e mudar? Pois é...

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Mudanças

-As coisas parecem diferentes.
-Diferentes, só.
-Não sei... Só estão diferentes.
-Tudo bem, paro de falar "diferente".
-Mas não sei, aconteceram tantas coisas e nem todas eu pude acompanhar. Parece que estou assistindo um filme...
-Mas não um filme bom... Um filme que não prende a gente, um filme que acaba e nós continuamos os mesmos, um filme que não nos muda, não nos altera, não nos ajuda e não nos atrapalha. Como se eu estivesse só vendo, como se eu não fizesse parte daquele mundo e daquilo que acontece. Não me sinto pertencente à minha própria vida. Como isso? É um sentimento tão esquisito... Parecer que tudo o que acontece não diz respeito a mim, ou talvez até diga, mas não me afeta porque simplesmente não sei, porque ninguém me fala, ninguém de da um choqualhão, ninguém ou melhor, nada me acontece.
-Dizem que acontece muito comigo... Como assim todos sabem disso, exceto eu? Isso é impossível, é como se eu fosse de fato personagem de um livro ou de um filme. E um idiota, né, afinal tudo - teoricamente - acontece ao meu redor, todos sabem, menos eu.
-Não posso ser tão tapada assim. Você até perdeu a voz.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Retratos

Tantas cenas...

dezenas...

Tantas cenas...

- Maisena, MAISENA

Tantas centenas


- Pra Sé!


Tantas.

- Tantas gente....



De um lado a menina, com o fone no ouvido, encosta a cabeça no vidro do ônibus. O leve batuque que o fone faz em contato com o vidro segue o ritmo do ônibus...

- Mas será que segue o da música?


Na calçada, um casal se olha com um aparente rancor. Suas falas são inaldíveis aparentemente até para eles que, no segundo seguinte, se beijam.

- Mas será que com paixão?

O cobrador se diverte dobrando o jornal que pegara num cruzamento anterior. Uma senhora oferece uma caneta para ele fazer as palavras cruzadas e, ele, encabulado, finge as resolver.

- Mas será que um dia alguém terá, finalmente, coragem de ao menos tentar lhe ensinar a ler e escrever?

A senhora pede a um adolescente licença para sentar

- Mas será que isso tapará suas dores?

O um adolescente bate a perna ao sair e derruba um livro. Sai do ônibus e o ônibus logo anda, sem que eu possa devolver seu objeto.

- Mas será que ele se importa?

Analiso o livro distraidamente. Uma bonita edição de Hamlet.


Sinto saudades da minha época de Hamlet. Quero dizer, da época em que lia Hamlet por ler e não por ser obrigado.

Sorri.

Uma criança. Uma linda criança me observava.

Seus olhos eram milhões de vezes mais atentos que os meus. Deviam registrar coisas maravilhosas que eu não via.

Invejo essa criança até hoje....


- Mas será que vale a pena?

Ser criança é um trabalho tão difícil... Aquela criança sabe bem como é.


domingo, 11 de abril de 2010

what?

Parece que está a cada dia mais difícil escrever aqui. Não vou mentir e dizer que é culpa da faculdade ou do raio que o parta. A culpa é minha mesmo. Acho que não tenho mais a paciência que tinha para escrever longa ou brevemente sobre alguma coisa... Já bastam os trabalhos acadêmicos, resenhas e etc. Mas, não sei, parte de mim sente falta... Falta do que, afinal? Acho que de expressar o mundo - tão errado mundo - de forma pseudo-literária, mas sempre crítica. às vezes penso: queria voltar a escrever... Nesses últimos anos parece que mudei tanto que a escrita talvez já não me faça tanta companhia. O que é algo bem triste, já que, então, fico só; só eu e minhas leituras. Talvez a questão seja apenas o local, talvez eu não pertença a esse lugar... Não pertencer perto do seu,longe de ser algo ou alguém... Mas acho que a questão é: se eu não sei ser, porque ainda sou?Estou longe de ser. Não pertenço a esse lugar... tão perto do ser.
não sou.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Missya

Happy new year's day
2010 não parece okay.
That's not right
E a cada dia percebo que tenho mais capacidade de lidar e combater isso

Feliz 2010, pessoal. Prometo tentar voltar a escrever.
Não por vocês, claro, sempre fui egoísta...
Por mim mesma...

Um beijo para vocês e sinto saudades de postar algo decente aqui, sabia?